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28 janeiro, 2007

Grito Desprezado

Quando eu nasci
ninguém me perguntou
se queria viver aqui.
Prometeram-me felicidade
a troco da vontade
em obedecer a quem não sou!

Entrei no mundo pela calada,
ao princípio de uma noite
ordenada...
por aqui fiquei
e aceitei
que a minha vida não é nada!

Pus-me de joelhos perante autoridades
sem então saber que vontades
as comanda!
Acolhi as vossas verdades!
Fiz minha a vossa demanda!
E continuei com nada!

É por isto que a solidão me invade!
A solidão de quem está cercado
sendo soldado
numa guerra sem piedade!
Guerra em nome da consciência!
Da decência!
Da evidência!
Da essência!...
Guerra contra o perigo
da vossa urgência
em trazer de novo
o Mundo Antigo!

Querem o Quinto Império
em nome de um Deus que vos sorriu?
Pois levem o Império
para a puta que vos pariu!
Quero lá saber se estou bêbedo e cansado!
Não me tivessem lançado ao rodopio!
Mesmo que venha a ser um mal-amado
e para vós, doentio,
lanço o meu grito desprezado!

Hoje estou fodido!...
E se não gostarem do vocábulo,
mudem-lhe o sentido,
mas eu não fico no estábulo!...
Como sou eu quem este poema vos traz,
e estou fodido,
se não gostarem do que digo,
deixem-me em paz!


Rui Diniz

11 comentários:

Isabel disse...

Eu gosto do que dizes.
Não te deixo em paz
Dou-te paz
A paz que te vem de dentro
por saberes que escreves
e tens quem te leia
por saberes que se deixares de escrever
tens quem te chame
Sabes porque?
Porque eu gosto do que dizes
Gosto que ainda tenhas revolta
Que ainda mexas
Que ainda grites
Que ainda tenhas força
Que ainda fiques fodido

Eu tambem ainda tenho isso tudo
Tambem estou cansada
mas não me calo
mesmo só não me calarei.

Tambem ninguem me perguntou se queria estar aqui

Querem que cá continue então aguentem o que digo quer gostem quer não, como eu aguento tudo isto que me rodeia quer goste quer não.

Gostei do poema que trouxeste
não vou mudar o sentido a nada
nem te vou deixar em paz

Voltarei para te ler mais.

Até breve.

Isabel

as velas ardem ate ao fim disse...

Lutar sempre.

bjinhos

Inês Ramos disse...

Bravo, Rui!

Anónimo disse...

Rui Dinis

Tive o prazer de o conhecer neste sábado passado, e bem passado. Quando os poetas se juntam é uma festa.
Repare – Todos querem dizer alto o que lhes vai na alma. Deveria haver um espaço maior onde coubessem todos os poetas.
Repare .- se todos querem recitar os seus poemas é por asfixiam os poetas. Mas as nossas vozes não se calam e recitamos um poema do Ary.
Desejo ao amigo, todo o bem do mundo: a liberdade e a ode para podermos bem alto gritar quanto isto vai mal.
Um abraço
Rogério Simões

Anónimo disse...

andamos de aml humor? ou são apenas palavras que saem numa altura menos feliz? acho mesmo que nem te interessa pois não? então continua e diz tudo o que te vai na alma...sofia

poca disse...

faz todo o sentido!
andamos aqui sem nos perguntarem a vontade...
seguimos em frente, sem saber para onde vamos na verdade...
seguir a corrente... ser um entre os demais... e às vezes apetece gritar: não quero mais!
venha o novo mundo... onde podemos viver livres de prisões subentendidas em sociedades ditas desenvolvidas

Anónimo disse...

Encontrei um livro na biblioteca,doado (ao que me parece) pelo próprio autor,decidi vir aqui descobrir um pouco mais e vejam só a minha surpresa; Adorei o blog, vlw :)

Anónimo disse...

queria ouvir aqui o áudio deste poema.

RD disse...

VLW: Sim, eu enviei através da Alana Araújo um livro para a Biblioteca. Muito me apraz saber que já foi encontrado no meio dos outros.

Agradeço o seu comentário e vou tentar fazer um gravação da declamação do poema.

Com Consideração,
Rui Diniz

Anónimo disse...

Olá novamente, sei que este não é o espaço mas, Alana Araújo seria professora ou aluna da instituição?Que curso?
Obrigado Bruno Correia

RD disse...

Bruno Correia: Pode usar o meu email (que aparece do lado direito do blog) para estes assuntos :-))
Alana é aluna, penso que do curso de Literatura, mas não estou seguro.

Cumprimentos!
Diniz