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13 março, 2007

Noite

Noite...
o limiar da minha fortuna.
A massa em que me afundo
entre um olhar lúcido
e uma existência
missionária e dolorosa.
Só...
Só na noite...
Sem guarida senão um telhado passageiro,
sem amor,
senão em cada porto de marinheiro...

Compreendo-me,
só,
na noite.
Observo-me
e o quanto sou
e o quanto dou
que afinal,
contas feitas,
é nada.
Uma armada
armada com nada.
Não fujo e atropelo-me.
Não morro e enregelo-me,
no frio,
só,
da noite...
Noite...
o limiar da fronteira
entre a lacuna em que sempre estou
e a loucura
do que sempre,
mas sempre,
sou...
e só,

na noite...


Rui Diniz

6 comentários:

Maria disse...

É à noite que muitas vezes nos encontramos connosco. E o que encontramos, nem sempre é o que gostaríamos.
Beijos

Luís F. Alves disse...

Isto é um bocado mais negro do que esperava de ti nesta fase...

Isabel disse...

A solidão é uma consequencia natural da loucura... embora tambem seja uma natural identificação com outros igualmente ou diferentemente loucos...
O frio é uma consequencia natural da solidão... embora tambem naturalmente aqueles que tem frio busquem o calor e naturalmente se cruzem...
A noite por vezes vem acompanhada de despertares...
É preciso abrir os olhos, e ver onde está o nosso amigo.
Provavelmente estará aquecendo as mãos na mesma fogueira, combatendo o frio da mesma solidão, na mesma noite tão fria como a sua própria noite.

Olhar em redor é importante... olhar em redor é tãi importante como olhar para dentro creio.

Mais uma vez o poeta é poeta.
Nasce e afundasse nas sua próprias palavras.
O poeta é sempre poeta e a sua poesia cresce até ter de descer em crescendo... imenso na minha modesta opinião.

Isabel

Debaixo do Bulcão disse...

Olá Rui Diniz.
Deixa-me abusar deste "tempo de antena" para te responder que sim, devo ir à poesia vadia deste mês e levo exemplares do Debaixo do Bulcão.

Então, boa viagem e até uma próxima oportunidade!

António Vitorino

Cusco disse...

Gostei de te ler. Simplesmente: Gostei.

Parabens!

Isabel disse...

Acho que vais gostar do que escrevi.
Passa lá pelo meu cantinho onde desta vez o olhar trespassa as negras nuvens.

Isabel

PS: tenho saudades de te ler... escreve poeta...!

Isabel