Palavras de Manuela Barroso, no Facebook.
«Conhecemos Rui Diniz como a VOZ que nos acompanha na Hora Da Poesia, da autoria da nossa Conceição Lima e nos saudosos InVersos.
Mas há outro Rui Diniz: o Poeta cuja faceta hoje vos revelo.
Impossível não colocar este seu Trabalho Poético, entre o que de melhor se faz no nosso mundo literário actual.
“REBENTAM AS ÁGUAS” da sua autoria, é um POEMA que consta de cinco Partes
0- O Prelúdio
I- O Alarme
IV- O Processo
VII- O Portão
IX- A Vida
É acompanhado igualmente por 5 VÍDEOS na VOZ do Poeta Rui Diniz,com a performance que todos lhe reconhecemos e admiramos.
Simplesmente SUBLIME!
Com a profundidade das Águas, ele leva - nos a um reflexivo mergulho
interior e nas suas correntes cristalinas somos levados por ecos de
grande Sabedoria .
Oiçam, leiam e deleitem - se com esta obra fantástica.
É a hora de partilhar e de lhe reconhecermos este outro seu valor apreciando, na sua mensagem, a dimensão deste grande POETA.
Manuela Barroso »
Ouça e leia "Rebentam as Águas" AQUI.
0 – Prelúdio - Hino à Lembrança
I
– O Alarme
Para
acordar ou dormir?
À
força do Tempo, não sei mais porquê.
Pelo
peso do fato, pelo fardo da cara lavada
e
que acaba sempre, invariavelmente suja,
pela
atrocidade pacífica de permanecer
no
carrossel que sempre muda,
pelo
elegante acto de me banhar nesta lama escura
de
onde nascem todas as belas flores,
e
as árvores, e o cheiro dos prados, da maresia,
e
os certos bichos, e as vãs pessoas,
e
as bocas que me lambem à alegria,
e
os ouvidos em que minha voz ressoa
e
os olhos que perscutam em ousadia
e
os cânticos que me sopram de volta ao sono!
Toca
o alarme.
Não
sei mais porque toca o alarme.
Porque
requer a força deste corpo este sinal?
Poderá
o negro cofre, cujo engenho de corda
conta
todo o tempo
(que
não conta para o Tempo!)
ter
contado o tempo todo que já não me resta?
Terá
chegado o fim do tempo à minha porta,
qual
visita inesperada mas sempre certa,
para
devolver todo o tempo em que me perdi?
Eu!
Eu
que ganhei tanto!
Eu
que pude ter um vislumbre da Vida
que
a tantos foge
e
que tantos outros delapidam
em
Renúncia!
Eu
que ouvi, imerso no ruído,
o
Chamamento de Mim mesmo!
Toca
o alarme.
Exige-me.
Trespassa-me.
Detém-me.
Não
sei mais porque toca o alarme;
Se
para acordar ou dormir.
Urge
que eu saiba o que Quero,
tanto
quanto saiba o que Sou!
A
Eternidade não se esqueceu de Mim!
Vigilante,
através das frestas no cofre
sujo,
denso, escuro,
a
Eternidade ainda me reconhece.
Um
sorriso nos seus abertos braços,
me
convence.
Aceno-me
adeus, por fim, mas não a deus;
pois
para onde vou o Falso fica.
Já
a sinto, em antecedência,
a
firme investida de suas garras,
instando
volver-me,
usando
todos os truques
em
máxima potência!
Usará
a voracidade pelo amargo pó
com
que molda todas as coisas doces.
Sinto
já, mesmo antes de lhe tocar,
a
vaidade da obra dos seus dedos;
Dançarão
à minha volta as formas nuas
com
que quererá reter-me, preso nas suas!
Formas
suas que, prometerá,
serão
todas minhas – só minhas! –
se
lhe ceder!
Jamais
me faltará, por sua viciosa palavra,
se
me convencer,
o
belo que há nos outros a me comprazer!
Entregar-me-á
o poder
da
morte, do jugo, da fúria
ante
a injustiça dos demais sobre o meu ser!
Bastará
à modorra me entregar
e
com ela adormecer.
Toca
o alarme. Por fim.
Toca
o alarme por mim.
Toca
o alarme:
É
Tempo de,
por
fim,
por
mim,
pôr
fim
ao
sono;
e
acordar.
IV
– O Processo
Há
uma voz, melodia pura
sobrepondo-se
a todo este ruído.
O
alarme já não mais toca,
mas
por detrás da cortina escura,
tudo
quanto estava contido,
soltou-se;
outro sentido perdura...
É
hora de partir...
«Momentos
há em que a minha missão,
tão
generosamente a mim entregue,
me
pesa como um grave grilhão.
É
a longa espera, a curta acção,
a
vigilância a quem renegue
a
tão belo mundo, ordenado,
regulado
por nosso benfeitor.»
-
a primeira sentinela, mais antiga,
lamentava
algumas vezes o seu fado.
Invocando,
porém, a fortuna que o abriga,
desempenha
a sua sina com fervor,
pois
dura pena aguarda o condenado
desobediente
ao comando do Senhor!
«Ora!
Com tanto tempo de serviço,
já
não devias duvidar da sua graça!»
-
a segunda sentinela, um ingénuo noviço,
interpela
as dúvidas do seu graduado -
«Com
certeza já pouco tempo te falta
para
que recebas de recompensa
uma
existência humana do teu agrado!»
-
conclui o novato em sabedoria pretensa.
«Se
acaso tivesses, como eu, este registo,
de
plenas vitórias, fielmente dedicado,
verias
que há forças que se têm juntado,
invisíveis,
discretas, pacientes,
como
se um outro plano por nós não visto
actuasse
além do que estamos conscientes.»
«Nenhuma
força se opõe à do Senhor!»
-
exalta-se, fervoroso, o novato -
«Blasfémia
é tecer tais considerações!
Reúne
teu sentido em torno do seu amor
e
terás recompensa à altura das acções!»
«Não
sejas assim lesto a julgar-me insensato!
O
Senhor eu temo e o Senhor eu tenho amado,
por
mais tempo e desafios do que tu supões,
cumprindo
o dever ao meu Mestre tão divino!
Não
é de sua força que estou eu desconfiado,
mas
da percepção que outra maior, um Destino,
se
apronta para lhe aplicar um rude trato.»
«Ah!
Põe de parte tais fantasias transgressoras!
O
omnipotente entregou-nos seu desiderato!
Nova
oportunidade de cumpri-lo se aproxima:
vislumbro
que outro fugitivo se encima.
Vem,
façamos retroceder o candidato!»
Uma
sensação quente se origina à minha volta.
É
conforto, é arrepio bom, é suave ternura,
que
se infiltra, pouco a pouco, como um sono,
visando
desarmar meu calmo intento de revolta.
Como
se ocupasse o poder central no meu trono,
uma
voz se manifesta sobre mim com lisura:
«Bem
faria à tua alma descansar um momento.
Contemplar
a tua vida, apreciar o teu abono;
há
bastante tempo para a viagem que te augura
uma
existência celeste, motivada por teu alento.»
Hesito
um só instante, mas nada cedo, nada digo.
Rodeado
repentinamente de um meigo Outono,
desinteresso-me
pela paz do vento no seco folhame,
pelo
repouso, pelo canto das árvores e do leve trigo.
«Mereces
aqui, por tuas virtudes, que o Senhor te ame.
Aproveita
a benesse, porquanto te é dada com orgulho.»
São
diversas as oferendas à disposição;
todas
elas sondo, como num lúcido sonho.
Com
a distância mantida e sem fazer barulho,
declino-as
sem resposta, discernindo ilusão,
ciente
das ciladas que transponho.
«Ora,
que pensas tu haver onde consideras chegar?
Será
que sonhas mesmo com enganosa liberdade?
Não
sabes que além do céu, o caos é tão medonho
que
passado o portão, ser algum logra suportar?
Detém-te
onde é seguro e no Senhor há bondade.»
Pensaram
que o receio do que não recordo
fosse
o motivo que me fizesse regressar.
Evocaram
a escassez, a fome, a carência,
para
que desejasse morder-lhes tal engodo
memorando
a agudez da vil ausência!
***
Há uma intermissão de vazio, um
novo estado;
um,
que se questiona, sobre o outro que hesita.
Pois
há um que se apercebe parasita,
num
clamor interno e em consciência,
invejando
aquele destino afortunado.
A
pausa devolve-me à fria e escura realidade
Destrinço
a incerteza que me rodeia;
De
um lado, abalada gravidade,
do
outro, nova e virgem ideia.
«Que
ocorre? Porque vacilas? Esta alma te anseia?
Desastrosa
é a consequência que assim te auguro!»
«Como
este Ser resiste tranquilo, mas com tanta agência!
Sentinela,
companheiro, vislumbramos aqui nosso futuro!»
«Como?!
Que dizes?! Impossível o que ouço de um veterano!
Após
tanto serviço, cair assim em desgraça e reles falência!»
«Pois
que seja, que caia! Aceito suportar recomeço duro!
Cria-se-me
Liberdade em inveja e renuncio a este engano!»
«Como
podes virar costas ao dever que tanto te compensou?!
Terás,
exposto a copiosos desertores, também ficado insano?!
Vinde,
Senhor! Aplicai a este maldito traidor vosso pior castigo!
Que
eu permaneço em meu posto, incólume ao que me chorou!»
Sabedor
que, por sua deserção, irado e certo será o seu fustigo,
intuindo
porém, que sua consciência encetara um renascer,
a
sentinela despojada suplica ao renegado que o derrotou!
«Tem
piedade de mim, oh nobre espírito, e escuta o que te digo:
se
Hoje caio, Amanhã serei eu o fugitivo, que, testado, se libertou!»
A
velha sentinela, ao mais denso Pó forçada foi a descer.
Sofrerá
na alma apertos que até seu ex-Mestre vivenciou!
Apesar
do apelo à compaixão, abstenho-me de reagir;
Sofrerá
pelos votos feitos e nada posso fazer.
Melhor
serviço lhe presto se granjear sair;
que
este mecanismo continuará a urdir,
tentando-os,
para contidos os manter.
Eu?
Sigo calmo e sorrindo: uma velha larva vi hoje cair,
para
que em seu lugar um Ser novo desejasse nascer.
VII
– O Portão
Avanço
envolvido num escuro imenso,
até
por estrelas abandonado,
ao
meu redor um frio intenso que imagino,
pois
só a vontade me guia pelo espaço denso
que
me separa do belo e elevado
Portão
cristalino.
Como
se de repente a pudesse ver,
uma
sombra se interpõe.
Um
mordaz sufoco me desconforta
e
ao meu gesto impõe
que
páre, que escute,
tal
é a força que o transporta!
Uma
penumbra então se apronta.
Aperta-se
sobre mim a forte mordaça
e
invade este silêncio absoluto,
uma
exalação vaporífera que me afronta,
uma
sussurante névoa que ameaça
esmagar
meu Castelo, se não ceder tributo.
«Detém-te,
fugitivo!
A
inabilidade dos sentinelas, meus súbditos,
essa
houveste transposto.
Sua
incapacidade para te conter, porém,
em
mim não encontrarás!
Só
o desgosto de regressar em castigo!
E
quanto maior for a nossa delonga,
aqui,
frente a frente
(que
a tão poucos concedi tal honra!),
mais
firme e exigente
será
a sanção que enfrentarás!
Pois
sou eu o Mestre das sentinelas
e
o Homem perante o meu desejo se curva
desde
a antiga criação deste mundo!»
Hediondos
mastins emergem das suas trelas,
e
um flagelo intenso de um fogo profundo
ergue-se
em seu punho, sobre a férrea luva.
No
nevoeiro que dá forma ao vil tirano,
intensifica-se
a negrura colérica e turva.
Exibindo
ardente força e um poder insano,
procura
conquistar-me pelo frio medo.
«Aceita
agora o destino que te concedo
e
do meu vigor te darei a beber.
Poderás
ser como outros tantos que escolhi
e
ser Rei em meu nome - que nobre enredo! -
deter
de entre os demais homens o poder!
Responde,
fugitivo! Responde-me aqui!»
"Tu
és o Prisioneiro, o Primeiro."
-
penso, em meu santuário eminente -
"És
Mestre da Ilusão somente,
burlão
de almas, usurpador,
para
a eternidade encerrado!
Poder
algum tens sobre a vida que não criaste."
Diante
do terror intenso das impuras chamas,
permanece
intacto,
meu
Castelo, imperturbado!
«O
Silêncio é minha resposta.»
-
afirmo.
E
o látego de raiva fulminante,
aceso
por um ódio sem fim,
traçando
um rasto de lumes finos,
investe
pesado sobre mim!
Folgada
a corrente comandante,
suas
bestas aliadas, de afiados caninos,
por
seu lume atiçados,
investem
iradas sobre mim!
“Não
há dor, aqui, e o medo já não me verga,
por
muito que os estimules em minha memória
-
será outra a história deste Ser que te renega.”
***
Rebentam
as águas!
Num
instante, do fogo intenso,
não
lhe restam agora senão fumo
e
mágoas!
Os
cães aterradores, ganindo,
soltam-se
do Mestre
em
medrosa debandada!
A
sua própria mão-de-ferro,
forçada
por um relâmpago luminoso,
é
repelida do espaço em que me encerro!
Urra
um grito furioso!
Surge
repentina alvorada!
Através
da abertura no radiante Portão,
uma
língua de Lava e de Leite
se
esgueira.
Invade-me,
ilumina-me,
remove
de mim a confusão
e
elimina-me a cegueira!
IX
– A Vida
Sereno...
Inteiro...
Livre...
Uma
Paz luminosa me circunda.
Verdadeira
Paz, desta vez incontestável,
por
inteiro oposta ao material conforto efémero...
De
onde terá surgido este radiante movimento
líquido,
luminoso, interminável?...
Não
surgiu; sempre existiu comigo.
Como
num útero, agora Eu repouso;
mas
a realidade que me envolve é pura,
e
terá mesmo havido outra?
Não
me recordo de onde vim,
mas
sei que cheguei aqui de algures...
de
onde mesmo?
Algo
interior me sugere outra realidade,
mas
não sei ao certo, não me lembro.
Aqui
sei que é puro:
nada
nem ninguém me alimenta
que
não Eu próprio e a Mim somente.
No
entanto, não estou só.
Sinto
alguém comigo, mas quem?
Ninguém
vejo;
apenas
a tal Luz que se movimenta
como
casta água, onde me banho.
«Tudo
fará sentido.
Já
não são olhos que te fazem ver.»
Aqui,
a luz não é inversa:
não
preciso de olhos com cernes negros,
para
ilusionar o escuro,
como
se luminoso fosse
esse
fogo tenebroso.
Esta
Luz não requer olhos que a vejam,
não
requer alma que a entenda.
Aliás,
alma alguma jamais a entenderia,
tão
oposta que é em sua natura.
Sem
olhos, sem corpo, sem alma...
...sem
quaisquer dos artifícios do Oposto.
Para
contemplá-la, para nela existir,
Eu
basto...
A
Fonte que sempre existiu.
A
entidade inteira, singular e à parte
de
todas as partes que atrás larguei.
Basto
Eu, aqui,
o
imortal,
o
incriado,
Eu...
«Tudo
fará sentido.
Já
não é com ouvidos que tu escutas.»
Não
é uma voz crua que me chega,
não
precisa de som, nem de palavras.
É
assim uma Voz que há muito escuto
e,
contudo, nunca comigo falou.
Tais
conversas,
nunca
tocadas pelo tempo,
foram
monólogos
de
paciência e sapiência.
O
Génio-relâmpago com que o todo
parece
caber na ínfima vacuidade
de
um instante eterno,
prestando
ténues vislumbres
do
que reside por detrás
de
todos os pensamentos,
de
todas as palavras,
de
todos os actos:
o
imortal,
o
incriado,
Eu...
«Tudo
fará sentido.
Já
não é de Pó o corpo em que existes.»
Acordo
à minha substância resplandecente.
Sou
como de ouro e do mais puro cristal,
sou
a lídima pérola incriada,
já
livre do cárcere das conchas
da
vieira que estalou.
Falho
na descrição do que Sou,
pois
são escassas as palavras definidas
e
seus conceitos parcos
e
vagos de realidade.
Foram
criadas no intuito de orar à criação
e
são por isso imperfeitas e até opostas
à
representação do que é eterno
e
existente além da sua cega e sucinta função.
A
essência não tem palavra alguma.
Para
descrever meu excelso estado
mais
valia que cantasse a melodia
que
sobressai nos momentos de Silêncio
em
que tudo o que parece existir
se
desmorona em partículas de ilusão:
O
imortal,
o
incriado,
Eu...
Emerjo
da Água protectora como um Marlim,
de
Lança acesa e em riste à minha fronte,
Escudo
bem firme junto ao brioso peito!
Sobre
meus alvos cabelos cintilantes,
assenta
a Corôa da minha Soberania!
Pelo
Baptismo destas Águas fronteiriças
renasci
aquele que sempre foi,
retomei
minha efectiva presença
na
linha da Existência sem Tempo!
Recordo
agora!
Capturado
pela Tentação, Caí.
Aí,
alheado de Mim, algemado ao efémero,
Chronos,
com o seu torno implacável,
despedaçou-me
imensuráveis vezes
e
nunca Me tocou!
Kairós,
o fleumático, conspirou Comigo,
abriu
e encerrou incontáveis portas
e
insídias me lançou!
Aión,
o intemporal, aguardou por Mim.
Recebe
agora neste Reino, sem cerimónias
um
dos que Acordou!
«Tudo
fez sentido.
Vê
agora, fora do Tempo, o tempo que deixaste.»
Inflamo-me
de rubro puro!
Um
Fogo Sagrado se manifesta, por fim!
Tudo
me é claro, tudo se encaixa,
acedo
à Memória de minha condição eterna
e
tudo entendo, intemporalmente,
como
se nunca algo tivesse ocorrido.
Não
há mais segredos guardados de Mim:
na
curiosidade, nas trevas Caí,
pela
verdade, do abismo Volvi;
na
imprudência, fui capturado,
pela
essência, sou Libertado;
na
quente ilusão, fui vivente,
pela
revelação, sou Renascente.
Cada
ponta da minha Existência,
outrora
solta, por ignorância,
uno-a
agora em seu próprio lugar,
encaixo-a
no encadeamento certo.
Decerto,
munido de tal Sabedoria,
jamais
tornarei a Cair,
imune
que Sou à Tentação.
Disposto
sobre o Abismo de onde Renasci,
acompanhado
pelos tantos outros,
cada
qual com sua História e seus motivos
com
que abriram o Portão para que saísse,
constato
a escolha que se me depara:
posso
partir, explorar bem longe do Abismo,
descartar
por completo a prisão do Oposto
e
servir-me da Liberdade da pura Essência
para
contribuir como melhor me aprouver.
Posso
também, com estes tantos outros, ficar;
Tantos
como eu ainda lá residem, no cárcere.
Posso
daqui Ver com o meu Fogo Puro
e,
com meus Companheiros,
atirar
sementes de Feijoeiro,
lançar
escadas de Luz,
promovendo
o Regresso daqueles,
que
sendo como Eu, como Nós,
entre
os demónios do Oposto,
dormindo,
permanecem.
Jamais
tornarei a Cair,
imune
que Sou à Tentação...
mas
cabe-me decidir,
sem
tempo ou imposição,
se
aqui fico para acudir,
tal
como eu pude fruir,
àqueles
que fogem
da
Prisão...