Fotografia de autoria de Luís Garcês
Quando no teu nascimento
me perguntaste se te acolhia...
comprometi-me que sim.
Prometi que para ti seria,
desse principio até ao fim,
um homem em renascimento.
Aperta com os teus dedos
esta mão de um pai
que apenas por o ser de ti,
descartou-se dos segredos...
e a impureza que já vivi
é o passado que hoje cai.
Reconhece nesta minha face
o homem que te dá a mão hoje,
que te nuble nenhuma memória!
Não sou mais aquele que foge,
ruminando no medo a sua história
por um infortúnio que passe.
Dorme, meu rapaz, dorme bem...
aqui, no teu leito protegido,
semelhante àquele que nunca tive...
Descansa pela vida que aí vem;
que nela seja o meu olhar um incentivo
e meu novo nascimento, conseguido...
Rui Diniz
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27 outubro, 2006
20 outubro, 2006
A Keith Jarrett
Clique aqui para ouvir excertos de Keith Jarrett enquanto lê o poema.
Enches o ar com tuas notas como sempre o fizeste...
vendeste-me ilusões em noites perdidas
e nunca me perdeste.
Deambulas pelas esferas como se soubesses voar
e voas, pelos caminhos pouco atravessados da vitória musical.
A tua derradeira sentença será como uma explosão
que rebentará os diques Minervinos de Bremen e Milão,
inundará Paris,
trará um diluvio a Bregenz e Viena,
diluirá Colónia
e em Tóquio, onde és Apollo,
entrarás em cena,
uma última vez,
como um triunfante musical deste Pólo!
No meu reino sempre ecoaste,
como uma bíblia iluminada, limpa de ignorância;
e na ausência e na abundância
tu sempre me saudaste,
no trinar dos teus dedos de Merlin
que alcançaram uma Vida Eterna
bem no fundo de mim...
Rui Diniz
Excertos ouvidos:
Over the Rainbow - Concerto de La Scala (Milão)
The Wind - Concerto de Paris
Heartland - Concerto de Bregenz
Part IIc - Concerto de Colónia
Enches o ar com tuas notas como sempre o fizeste...
vendeste-me ilusões em noites perdidas
e nunca me perdeste.
Deambulas pelas esferas como se soubesses voar
e voas, pelos caminhos pouco atravessados da vitória musical.
A tua derradeira sentença será como uma explosão
que rebentará os diques Minervinos de Bremen e Milão,
inundará Paris,
trará um diluvio a Bregenz e Viena,
diluirá Colónia
e em Tóquio, onde és Apollo,
entrarás em cena,
uma última vez,
como um triunfante musical deste Pólo!
No meu reino sempre ecoaste,
como uma bíblia iluminada, limpa de ignorância;
e na ausência e na abundância
tu sempre me saudaste,
no trinar dos teus dedos de Merlin
que alcançaram uma Vida Eterna
bem no fundo de mim...
Rui Diniz
Excertos ouvidos:
Over the Rainbow - Concerto de La Scala (Milão)
The Wind - Concerto de Paris
Heartland - Concerto de Bregenz
Part IIc - Concerto de Colónia
14 outubro, 2006
Desenlace
Percorre com as mãos a tua face
e considera o que somos...
tão pouco, comparados com o tudo,
mas um tudo só por si.
Há quem pense
que nada é mais cruel que este corpo,
que sofre, que sente,
que necessita,
mas nem a crueldade é independente,
nem assim se identifica!
Percorre com o pensamento o que dizes ser;
no corpo, milhões de átomos,
moléculas, células!
Na consciência,
uma miríade de condições
sem pertença.
A crueldade e o amor são um mesmo
não dualista.
Dependem um do outro,
nutrem-se, alimentam-se
e nós só os sentimos
porque ambos existem.
Percorre apenas com as mãos a tua face
e deixa-te estar...
levados pela corrente,
deixemo-nos revelar
p'lo desenlace!
Rui Diniz
e considera o que somos...
tão pouco, comparados com o tudo,
mas um tudo só por si.
Há quem pense
que nada é mais cruel que este corpo,
que sofre, que sente,
que necessita,
mas nem a crueldade é independente,
nem assim se identifica!
Percorre com o pensamento o que dizes ser;
no corpo, milhões de átomos,
moléculas, células!
Na consciência,
uma miríade de condições
sem pertença.
A crueldade e o amor são um mesmo
não dualista.
Dependem um do outro,
nutrem-se, alimentam-se
e nós só os sentimos
porque ambos existem.
Percorre apenas com as mãos a tua face
e deixa-te estar...
levados pela corrente,
deixemo-nos revelar
p'lo desenlace!
Rui Diniz
10 outubro, 2006
Tai
O que nos mantem acordados é a fantasia
de que um dia
despertamos no Mundo Melhor....
mas esse mundo está aqui agora contigo, Tai,
por entre a dor que se sente e a dor
que acolhemos
no medo de perder o que de nós sai!
Não te agarres a uma vida de que não terás saudade
mas não larges a tua vaidade por ter
conquistado o Amor de quem não te conhece
e que com verdade envia ao teu ser
a serenidade que merece.
Afasta-te, Tai, aproveita.
Tens nas tuas mãos, no teu presente,
o presente da Paz refeita pelo choque que é esperado
mas que contamos sempre ausente...
Estamos demasiado próximos de nós, Tai,
demasiado próximos para compreender
a legibilidade implícita
de viver!
Rui Diniz
05 outubro, 2006
Fomos Dois um Dia
Fotografia de autoria de Inês Ramos
Éramos duas figuras rolando na escada da vida,
dois semblantes sem rumo, de alma vazia...
Assim éramos e assim fomos.
Assim nos encontrámos pela Magia do segundo
em que a surpresa vem na sensação de lá termos
sempre estado,
sempre presentes,
como que
sempre felizes.
Nada mais houve de importante nesse dia;
nem a causa que ganhei a um amigo das histórias,
nem as vitórias tuas no jogo do jornal;
passámos ao lado do banal e encarnámos a fantasia.
Os pombos serviram o pretexto,
mas fomos nós que deixámos palavras voar
e alojar-se no sangue,
qual carvão,
atiçando o fogo de uma paixão que será eterna porque morreu,
bem antes de falecer...
Anulados pela vida, encontrámo-nos,
no fim de mais uma tarde vencida,
ultrapassada pelos meandros de quem se desenrasca
com um café e um cigarro
e se alimenta do milho atirado
aos pombos-cegonha do nosso amor nascido.
Eu sempre soube que lá estarias;
nas escadas da maternidade
e do túmulo do nosso Momento,
perpetuado apenas na eternidade
de um pensamento...
Vivemos anos em horas...
por isso não estranhei o teu convite
para ir até onde moras
aguçar ao teu corpo o apetite!
Encontrámo-nos aí na tal Magia do segundo
em que a surpresa vem na sensação de lá termos
sempre estado,
sempre presentes,
e agora,
sempre ausentes...
Rui Diniz
Éramos duas figuras rolando na escada da vida,
dois semblantes sem rumo, de alma vazia...
Assim éramos e assim fomos.
Assim nos encontrámos pela Magia do segundo
em que a surpresa vem na sensação de lá termos
sempre estado,
sempre presentes,
como que
sempre felizes.
Nada mais houve de importante nesse dia;
nem a causa que ganhei a um amigo das histórias,
nem as vitórias tuas no jogo do jornal;
passámos ao lado do banal e encarnámos a fantasia.
Os pombos serviram o pretexto,
mas fomos nós que deixámos palavras voar
e alojar-se no sangue,
qual carvão,
atiçando o fogo de uma paixão que será eterna porque morreu,
bem antes de falecer...
Anulados pela vida, encontrámo-nos,
no fim de mais uma tarde vencida,
ultrapassada pelos meandros de quem se desenrasca
com um café e um cigarro
e se alimenta do milho atirado
aos pombos-cegonha do nosso amor nascido.
Eu sempre soube que lá estarias;
nas escadas da maternidade
e do túmulo do nosso Momento,
perpetuado apenas na eternidade
de um pensamento...
Vivemos anos em horas...
por isso não estranhei o teu convite
para ir até onde moras
aguçar ao teu corpo o apetite!
Encontrámo-nos aí na tal Magia do segundo
em que a surpresa vem na sensação de lá termos
sempre estado,
sempre presentes,
e agora,
sempre ausentes...
Rui Diniz
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