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29 agosto, 2005

Aguardo-te...

Acordo mais uma vez...
Alterei de novo a força do destino
à força dos teus olhos sorrindo...
e quero vê-los.

Se as nossas vidas se cruzaram
e nos mantêm à guarda, esperando,
é porque esperar é um passo
e o teu sorriso um avanço.

Sorrirás?
Sentes mesmo que consigo retribuir o sonho vendido,
incluso no preço do piano esvoaçante
que se escapou, rasgado o autocolante?

Aguardo-te... e sinto que sempre.
Mistura de pressa dura com suspense,
porque por ti só posso ficar
a sonhar que um dia a espera sempre alcance...


Rui Diniz

22 agosto, 2005

Cem Palavras II : Feirãozinho

Aqui está a segunda foto, o segundo poema:



Era um pequeno pedaço húmido este império,
Cujo vulgo charco num mar se revelava…
E eu miúdo, no cimo deste castelo verde musgo, etéreo
Defendia o meu reino com os canhões que trovejava!

Vestia eu de Comandante fino com alto brio
Que erguia com coragem o seu Brasão!
E disparava vaidoso o mosquete-pau no vazio
Esmagando a meus pés uma bárbara invasão!



Regresso agora ao topo do meu forte contemplante
Em que outrora me perdia nas ilusões de criança
Mas hoje, já sem meus sonhos ou paixões de galopante,
Rendo-me à água calma… à luz cinzenta…
ao reflexo da esperança…



Rui Diniz

15 agosto, 2005

Cem Palavras I : Moinho de Dornas

"Cem Imagens, Cem Palavras", era este o título de uma exposição de fotografia de Dinis Cortes, um duende amigo meu, que me convidou, bem como a outros, para textualizar as suas fotos com nem mais nem menos que cem palavras.
Esta é a primeira das que me calhou. A segunda seguir-se-á para a semana. Leiam e comentem!



Neste lugar de paz e tumulto,
onde a Maria disse José que se ia
e fugia do seu leito
já que o mundo entrava ainda em seu peito,
consumindo a aliança no seu dedo,
ardendo a pele em que jazia,
sempre a forte água em suas gotículas prementes
fustigou a pedra por si mesma mastigada.

José não voltou mais
e Maria não deixou este solo sem si, sem seu sangue,
sem seu cadáver de mártir a um Amor
cortado pela mácula sem perdão,
pela hábil lâmina da tesoura
que sempre foi útil na mão de uma bela Maria
costureira, benfeitora…



Rui Diniz

08 agosto, 2005

Mateus

Há alguns anos atrás, por puro tédio, comecei a escrever uma história enquanto trabalhava no horário da noite (trabalhei à noite durante dois anos e meio). Não tinha grande ideia do que queria escrever... era o primeiro conto que me comprometi a completar, após tantos abandonados praticamente à nascença. Mas a história foi tomando forma, escrita aos poucos. Nele fui depositando tanto do que vivi num ano, de negro e de soalheiro, como do que vislumbro na vida e no sistema dos homens.

Leiam, se tiverem paciência, e comentem.

Bem haja!

Cliquem aqui: Mateus

07 agosto, 2005

Na corte d'El-Rei...

Na corte d'El-Rei...
dançam Bailarinas, cantam Trovadores,
coram as meninas p'los olhares dos senhores!
Monta o Circo a tenda, domam-se aqui leões
- que El-Rei pertence a nobres Lampiões... ;) -
Cantam-se Mil Ânsias, como há anos se fazia
e toda a gente pode ser um Rei por um Dia!
Não tenham medo mas tenham o Amor
que vem em segredo e acaba em clamor!
Não pagam entrada, os convites vos dei
para que entrem e vivam...

aqui na corte d'El-Rei!...