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17 maio, 2006

Milheirais

Fotografia de Margarida Luna de Carvalho - Poetiza que também teve a honra de ter um dos seus textos lidos pelo grande Luís Gaspar! Ouça-o aqui.

Parabéns Margarida!

Tantas vezes dançaste para mim no milheiral
e de tantas vezes recordo todas!
Tantas vezes me levaste ao teu Mundo
onde largava na atmosfera o meu pesar eterno
e me descobria Feliz, como num sonho impossível,
na pele de seda do teu abdómen, na sede dos teus seios,
na vibrante sensação de ser inteiro, de,
por um segundo, ser Deus...
como tu foste! Ah....
A tua dança era o baile das estrelas!
Tinhas em teus olhos as esmeraldas puras, tão puras
que o reflexo neles da Luz no teu coração fazia-os Faróis
à ondulação do mar do Prazer e do Amor duro dos egos!

Mas que importa se éramos duros egoístas?
Que importa?

Se te amei e se me amaste no milheiral tantas vezes,
tantas vezes que recordo todas com a Paz que só a saudade traz,
porque não posso parar diante deste altar e rezar-te uma homenagem,
perante os tetranetos geracionais das ancestrais espigas
que nos acompanharam e te acompanharão sempre,
mesmo que na minha mente, mesmo que sem nada,
onde quer que estejas, onde quer que perdures?

Em quaisquer que sejam os milheirais
onde dances deitada agora e sempre,
abençoada sejas por trazeres vida
a quem só perdura no seu sono indolente!


Rui Diniz

2 comentários:

Anónimo disse...

Como já te disse, o Milheirais é a realidade de um olhar colocado em palavras!!! E que palavras essas, tão sensuais, tão elegantes.

Anónimo disse...

Que Maravilha ler, dançar, fechar os olhos e imaginar o tudo que se esconde na gruta que fazemos com as mãos!
Cheira a Estio, aos cálidos fins de tarde.
Quase tocamos cada pingo de chuva que cai sobre a clareira deste sítio onde nos pusemos para sermos voyeurs de um baile assim!
Bela a tua escolha!

Deixo-te um Passo de Dança e a alegria de ter encontrado este espaço sereno, este autêntico colar de palavras que qualquer folha de papel gostaria de ter!

Nosso Passo de Dança

É já o nosso anelo a pista
O sobrado onde enceramos os passos
Qual volteio que compomos na ponta dos pés
Carambolando entre transparências
Deslizando
Descobrindo todos os nossos sabores

Vamos festejar-nos
Circundemos este mundo
Volteando nele primaveras
Iluminados por quatro luas
Uma em cada canto do céu
Viradas para um regaço
Que no chão se formou

Elas cantam
A ária cintilante
Acompanhando a voz doce da noite
Testemunhas dos tantos passos que demos
Num último ensaio

Vem
Que agora já dançamos
Nos envolvemos num acalento
Nos deixamos levar na quimera dócil
Dos nossos rostos juntos
Com toques de veludo
Já nada nos detém

A música não acaba já
E ainda que acabe
Não finda a nascente do júbilo
De ouvirmos a canção das quatro Luas
Que foram sentar-se no céu
Para iluminar um regaço de veludo
Onde vamos continuar adejando
O nosso passo de dança