Ouro sem gelo no copo entre dedos,
respiro mel cubano que extrai meus segredos
enquanto a parente carinhosa farisca
e sem receio a mão livre mordisca.
Com Amália... dei por meu sangue chorar,
incapaz de viver e se aventurar...
neste coração obsoleto sem tic tac,
simples presa fácil de qualquer ataque!
Deixei o tempo passar, o disco correr
numa azáfama para se recolher...
e sempre mais cedo que o preciso
deixou o silêncio acordar o bom siso.
De volta ao meu dia escondo a sombra
e deixo que a luz me olhe contra;
Autómato, largo-me peão deste jogo.
Assim à sorte talvez um dia o meu lume...
seja fogo.
Rui Diniz
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18 setembro, 2005
13 setembro, 2005
Cigarrilha e Whisky I : Cidade-Museu
Aqui estou eu, comigo.
Enquanto outros dormem e vivem,
eu brilho no escuro.
Cigarrilha na mão, whisky tão perto;
"Fantástica" como o meu coração não está só.
Eh, "Fantástica". É esse o termo certo.
Quem iria dizer... após tanta vida e morte em mim,
tanta pouca sorte,
surge-me a certeza tão sublime que não doi;
que alegra, engrandece, me faz respirar,
cantar de novo de manhã!
Única... mulher de trajes comuns,
fornalha de aldeia, pele branca, olhos seguros,
Alma Gigante... tomou-me;
De dentro para fora como uma estrela que nasce,
se espalha no vazio que me dá forma.
Como uma gota de água, brilho com o seu brilho,
reflito a luz do sonho que me deu
numa noite de domingo
na Cidade-Museu.
Rui Diniz
Enquanto outros dormem e vivem,
eu brilho no escuro.
Cigarrilha na mão, whisky tão perto;
"Fantástica" como o meu coração não está só.
Eh, "Fantástica". É esse o termo certo.
Quem iria dizer... após tanta vida e morte em mim,
tanta pouca sorte,
surge-me a certeza tão sublime que não doi;
que alegra, engrandece, me faz respirar,
cantar de novo de manhã!
Única... mulher de trajes comuns,
fornalha de aldeia, pele branca, olhos seguros,
Alma Gigante... tomou-me;
De dentro para fora como uma estrela que nasce,
se espalha no vazio que me dá forma.
Como uma gota de água, brilho com o seu brilho,
reflito a luz do sonho que me deu
numa noite de domingo
na Cidade-Museu.
Rui Diniz
05 setembro, 2005
Dormência
Quando sentes, fá-lo em forma de prosa!
Que só rime no mel de versos avulso
quase sem sentido, quase à deriva,
quase perdidos na água esquiva
que quando vês deixas escorrer
da barragem de marfim e ébano,
enquanto fechas as comportas
para que a luz não fira mais...
A luz porta dores reais...
É que mais vale não ver, virar o archote,
fingir que a alma é um pote,
inquebrável, sem retorno,
sem uma pinga de transtorno...
e assim talvez na massa estéril
em que se torna o ex-coração forte
te surjam fontes de alma dócil,
cuja vida mate a raiz
da tua morte...
Rui Diniz
Que só rime no mel de versos avulso
quase sem sentido, quase à deriva,
quase perdidos na água esquiva
que quando vês deixas escorrer
da barragem de marfim e ébano,
enquanto fechas as comportas
para que a luz não fira mais...
A luz porta dores reais...
É que mais vale não ver, virar o archote,
fingir que a alma é um pote,
inquebrável, sem retorno,
sem uma pinga de transtorno...
e assim talvez na massa estéril
em que se torna o ex-coração forte
te surjam fontes de alma dócil,
cuja vida mate a raiz
da tua morte...
Rui Diniz
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