
Montanhas erguem-se a toda a volta
como se daqui uma planicie de céu,
de azul imenso, invertido,
me puxasse a caminhá-la.
Caminho daqui.
Voo com as asas da não-existência
e nada sinto;
nem o vento, nem a decadência
dos que daqui só vêem paisagem.
E digo isto sem orgulho!
Reflicto e compreendo que a não-existência
da planicie azul imensa, deste lugar,
de mim próprio, deste pensamento,
é exactamente a Luz que me devolve a Paz,
o carro parado
que ruma ao firmamento...
Rui Diniz