É preciso viver!
Os lençois gastos de uma manhã
mal acordada!
O sonho que de cedo nos entrou
pela madrugada!
A flor que por nós passa
e permanece parada!
O jardim que se levanta pela
janela escancarada!
Viva-se a chama solta
de vestimenta!
Viva-se
sem tormenta!
Viva-se o corpo e a mente
unos!
A moral isenta,
os sentidos limpos
e imunes!
É preciso viver!
O mar turbulento quando se chora
sem razão!
O sorriso rendido quando alguém nos seca
com a mão!
O amor entregue, sentido e abençoado
pela razão!
A vida que percebemos e a que sentimos
no coração!
Viva-se a alma solta
de lamento!
Viva-se
cá dentro!
Viva-se o corpo e a mente
unidos!
A incerteza da lógica
entrelaçada com a dos
sentidos!
Amigos!
É preciso...
viver!
Rui Diniz
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27 março, 2007
13 março, 2007
Noite
Noite...
o limiar da minha fortuna.
A massa em que me afundo
entre um olhar lúcido
e uma existência
missionária e dolorosa.
Só...
Só na noite...
Sem guarida senão um telhado passageiro,
sem amor,
senão em cada porto de marinheiro...
Compreendo-me,
só,
na noite.
Observo-me
e o quanto sou
e o quanto dou
que afinal,
contas feitas,
é nada.
Uma armada
armada com nada.
Não fujo e atropelo-me.
Não morro e enregelo-me,
no frio,
só,
da noite...
Noite...
o limiar da fronteira
entre a lacuna em que sempre estou
e a loucura
do que sempre,
mas sempre,
sou...
e só,
na noite...
Rui Diniz
o limiar da minha fortuna.
A massa em que me afundo
entre um olhar lúcido
e uma existência
missionária e dolorosa.
Só...
Só na noite...
Sem guarida senão um telhado passageiro,
sem amor,
senão em cada porto de marinheiro...
Compreendo-me,
só,
na noite.
Observo-me
e o quanto sou
e o quanto dou
que afinal,
contas feitas,
é nada.
Uma armada
armada com nada.
Não fujo e atropelo-me.
Não morro e enregelo-me,
no frio,
só,
da noite...
Noite...
o limiar da fronteira
entre a lacuna em que sempre estou
e a loucura
do que sempre,
mas sempre,
sou...
e só,
na noite...
Rui Diniz
05 março, 2007
Não Faço Nada
Eu não faço nada.
Nem aponto com certezas um remédio,
nem ajo sobre os problemas.
Apenas aponto o lixo
geralmente com o dedo médio.
Recomendo a muita gente hipócrita
a visita ao falo geral,
conhecido pelo infinito
e pelo insulto banal
que não se evita.
Mas eu, propriamente, nada faço.
Fico-me por aqui a falar
e a escrever monotonias
que ninguém sintoniza.
Por vezes, nas minhas manias,
sou como a torre de Pisa
que se não páro de me inclinar
cairei um dia
de cansaço...
Ai que nada faço...
Parece faltar-me energia
para combater a homogenia
e despertar pessoas
com o meu dedo médio,
em riste,
pintando as coisas boas
com a verdade do assédio,
com que eles fazem do alegre sonho,
o mundo triste...
Eu até me envergonho,
se me olhar socialmente;
sou um demente,
enfadonho,
inconsequente,
tristonho
e exigente...
Oh que merda!
Tinha de brotar de mim esta loucura
no meio de um mundo são
e intransigente!
E o que nos conserva
é este duro e escasso pão
com que esse tal deus de brandura,
alimenta a sua gente...
Rui Diniz
Nem aponto com certezas um remédio,
nem ajo sobre os problemas.
Apenas aponto o lixo
geralmente com o dedo médio.
Recomendo a muita gente hipócrita
a visita ao falo geral,
conhecido pelo infinito
e pelo insulto banal
que não se evita.
Mas eu, propriamente, nada faço.
Fico-me por aqui a falar
e a escrever monotonias
que ninguém sintoniza.
Por vezes, nas minhas manias,
sou como a torre de Pisa
que se não páro de me inclinar
cairei um dia
de cansaço...
Ai que nada faço...
Parece faltar-me energia
para combater a homogenia
e despertar pessoas
com o meu dedo médio,
em riste,
pintando as coisas boas
com a verdade do assédio,
com que eles fazem do alegre sonho,
o mundo triste...
Eu até me envergonho,
se me olhar socialmente;
sou um demente,
enfadonho,
inconsequente,
tristonho
e exigente...
Oh que merda!
Tinha de brotar de mim esta loucura
no meio de um mundo são
e intransigente!
E o que nos conserva
é este duro e escasso pão
com que esse tal deus de brandura,
alimenta a sua gente...
Rui Diniz
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