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30 abril, 2007

Bregenz ao almoço

Excerto do Concerto de Bregenz de Keith Jarrett

As notas ecoam na minha cabeça...
"tam, taram, taramtaram...".
O amigo Jarrett ajuda-me a encher minutos vazios de tempo eficaz.
E ele lá continua "taram, taram"…
e na segunda vaga da melodia,
surges tu como uma chama que acende o pavio de uma vela.
As velas, por muito belas e bem cheirosas que sejam
acabam sempre por gastar todo o pavio
ou afogar a chama em si próprias...
e nem tu és excepção...
nem tu,
a vela mais bonita de todas as que já vi arder,
apenas porque és a vela que aqui hoje arde em mim.
Em muitas religiões,
as velas estão associadas a promessas, a desejos, a pedidos...
e se usar a analogia contigo,
és a promessa mais forte,
o desejo mais ardente
e o pedido mais profundo...
que a tua chama se apague tarde, é melhor do que cedo.
E sem religiosidade mentirosa te digo
que quando a tua chama se extinguir nessa vela
noutra arderá… como eu,
como tudo,
como todos,
nesta unidade energética que partilhamos!

No meio disto,
o Keith já martela o seu piano,
com os dedos nas teclas e os pés na madeira;
é um maluco!
Mas um génio. Como qualquer maluco...
ou melhor, qualquer génio é seguramente um maluco…
Que a loucura é a genialidade da diferença
exposta ao medo que temos de ser iguais…
na diferença.
Hmm… Mas isso agora... não interessa.
A música sim, interessa. O momento.
E a tua face sorrindo também.
E o teu beijo tão quente, doce e molhado
como chocolate derretido em leite.
Isso sim, interessa.
Esse ambiente de quase morte por prazer que me faz tão dormente.
É isso que importa.
Porque a morte, tal como a vida, é um prazer;
o prazer de apenas ser;
é a existência, a experiência,
a partilha…
E no fim,
sim, no fim do que quer que seja que se transforme
e que vemos cegamente acabar,
é isso que fica
e é isso
que à luz do sol ou da lua,
realmente importa…


Rui Diniz

1 comentário:

Menina Marota disse...

Eu já aqui tinha comentado... será que agora fica?

;)))