Algures, num momento de silêncio,
neste campo aberto que é a minha vida,
de noite,
sempre de noite - quando a magia acontece,
surge uma forma no vento
e nele,
um poema suspirado.
É certo que os poemas são mesmo efémeros
e as palavras um dia serão nada,
desaparecerão no esquecimento das eras
tal como as peles que vestimos
e os nomes que ostentamos.
O poema que é teu,
trazido pela brisa que na relva fresca te desenha,
um dia não será mais que outra coisa,
acompanhando-nos,
na impiedosa sucessão de formas e sabores
que provamos
e temos de largar.
Mas esse teu suspiro
e essa tua forma
e esse teu poema
e esse teu sentido (tão próximo do meu)
pintaram-se no quadro do horizonte
deste campo aberto que é a minha vida...
e de noite, sempre de noite - quando a magia acontece,
a realidade perceptível da ilusão do universo
colidirá com nossos fogos,
ardendo em uníssono,
dançando no mesmo vento
que agora desenha nós os dois,
que agora suspira o ar quente da cama embriagada,
que nesse momento se deixa entregar...
no mesmo campo aberto que é a nossa vida
e de noite - quando a magia acontece,
àquela pequena parte de um segundo
de uma eternidade passageira.
Rui Diniz
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31 julho, 2007
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6 comentários:
uma lufada de ar fresco, gostei sofialisboa
Obrigado, Sofia :-)
Também declamei este poema. Está no meu audioblog Voz da Corte em http://vozdacorte.pt.vu.
Mas que suspiro maravilhoso!!!
Um abraço e bom fim de semana ;)))
Ler este poema provoca uma vertigem no sentido positivo do termo ;)
Após ler o Poema Suspirado não poderia deixar de o ouvir. Está fenomenal. Vou publicitar-te no meu blog. Bom gosto tem de ser difundido.
Iu
Lindo, lindo, lindo!
Parabéns!
Beijo,
Rita
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