Oh Mãe!
Sobre o teu corpo escorre o Homem,
cujo rio reúne os incontáveis dedos disformes
que com a água do alto te acariciam.
Homem!
Esse fio que escorrega pela pedra nua,
pelo musgo, pelo tufos verdes dos teus adornos!
É um verde rio, Mãe, este teu Homem!
Oh Mãe!
Como te massajam o Cávado e o Caldo,
entre as tuas velhas rugas escorre este Homem,
o teu mais belo e esbelto filho!
Homem!
Lágrimas envolventes às verrugas no teu primal e rude rosto!
Oh Mãe!
Verdume vivo e húmido; tua magia do sol nascido ao sol posto!
Homem!
O vigor que investe sobre tua pele em doce espuma!
Oh Mãe!
No teu ancião esplendor o meu preso pranto se exuma!
Homem!
Oh Mãe!
Homem... sou!
Rui Diniz, 2016
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09 novembro, 2021
Homem
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1 comentário:
Obrigado pelos artigos instigantes e interessantes
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