Pode ouvir a minha declamação deste poema aqui: Meu Mundo, Minha Casa
O que eu queria era não ter casa;
vaguear no mundo como um saltimbanco,
vagabundo,
exibindo os meus truques lúcidos
pelas feiras do amor e do sexo.
Queria ter nexo;
com este mundo e comigo
e não ter tecto,
nem umbigo,
transportar as miragens do que sou
por outras paragens...
Mas tenho-me aqui;
agarrado a este ermo escuro
cheio de arestas
e paredes e cantos;
eu quero é ar puro!
Quero fazer do mundo
um lar,
inseguro,
para não amordaçar...
Quem me dera fazer da minha casa
uma montanha,
uma quimera de onde todos os ventos partem,
uma floresta, um lago,
uma entranha
do ventre materno que afago
e que não estranha
quando parto.
Mil mulheres passariam por meu lar,
mil corações que não se calam,
que cantam por esta casa infindável,
sem arestas
ou paredes ou cantos;
mas repleta de espantos
e de amor insaciável...
O que eu queria era não ter casa...
ter sim o mundo
e em cada braço,
uma asa...
Rui Diniz
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3 comentários:
vozes d'além mar
me alcançam em terras brasilis
em deleite ultramarino
reafirmando a ausência de fronteiras
para os rios da poesia
Olá!
Sou uma viciada em poesia...gosto de a escrever...gosto de a ler e gosto de a ouvir :)
As palavras devem ter vida para serem o prolongamento dos nossos dedos e a voz da nossa garganta.
Gostei muito de ler e de ouvir as tuas palavras
beijos
Daniela Pereira
hoje acertaste em todas as palavras, gostei muito...que continues a respirar fundo e com ar puro...sofialisboa
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