Hoje, fumei um cigarro.
Emprestaram-me o isqueiro,
deram-me o invólucro branco-laranja,
e foi com a alma em franja
que cheguei à sala do fumeiro
e entre a impestação alheia por catarro
me esfumarava inteiro.
Entrou uma mulher;
"Tem lume?" - mordendo o cigarro ao meu fogo ofertado
"Sim" - passando-lhe para a mão o mecanismo emprestado
Surpresa, não se conteve; "Julguei ser um cavalheiro!"
Rindo-me retorqui, com o meu ar mais matreiro:
"Que maior confiança deposito que ter na mão o meu isqueiro?"
É que nestas convenções de cavalheiros
escondem-se sagazes predadores de atenção,
mas são os que não procuram ser certeiros
que guardam os melhores sorrisos
no coração!
Rui Diniz
Pesquisar neste blogue
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
-
Noite... o limiar da minha fortuna. A massa em que me afundo entre um olhar lúcido e uma existência missionária e dolorosa. Só... Só na noit...
-
Aproveito o tempo que me concedem - como sendo um prisioneiro indesejado, a quem por vezes se entrega uma benesse quando se porta bem - e ca...
-
Palavras de Manuela Barroso , no Facebook. «Conhecemos Rui Diniz como a VOZ que nos acompanha na Hora Da Poesia , da autoria da nossa Co...
-
Ouça a minha declamação deste poema aqui: Caixa de Comprimidos Tenho uma caixa de comprimidos na mão; devo tomá-los? Ou talvez não? Se bast...
-
Fotografia de Margarida Luna de Carvalho - Poetiza que também teve a honra de ter um dos seus textos lidos pelo grande Luís Gaspar! Ouça-o ...
-
Quando eu nasci, havia um céu sobre a minha cabeça. Diziam-me que havia também um horizonte, mas eu olhava pela janela e acenavam-me pared...
-
És mulher, pois és criadora; e manténs, à chama do amor-animal, a abominável senciência que te devora, aquele filho falho, o pai de todo...
-
A tua envolvente natureza pueril que enche a beleza do espaço esquecido, vive manchada pela flor seca e rasgada do amor perdido. O teu so...
-
Oh Mãe! Sobre o teu corpo escorre o Homem, cujo rio reúne os incontáveis dedos disformes que com a água do alto te acariciam. Homem! Esse fi...
-
Sozinha, a Dona Lúcia sorve a sua habitual sopinha. É Natal, mas para si, este ano, longe dos netos, do filho, da nora, a consoada é, afi...
4 comentários:
Deixo um sorriso pelo poema... gostei!
Um abraço e bom fim de semana ;)
Obrigado, Marota!
"Consumo" os seus escritos com regularidade - agradeço esta partilha! :-)
Abraço!
Agora lendo os seus textos me pego a pensar qual será o seu estilo? Como faço para entender o caminho que vc esta trilhando? Ao que me parece vc esta apenas "escrevendo" sobre sua realidade.
Uma mistura de Alvares de Azevedo com Olavo Bilac, Cruz e Souza com Cecília Meireles?
estarei sempre aqui buscando estas respostas.
Jeane
Jeane:
Bem vinda! Acertas quando consideras que vou escrevendo acerca da minha realidade. Mesmo quando se misturam factos com sonhos ou imagens, a realidade que eu vivo está lá.
Assim, apesar de desejar ajudar-te, não sei integrar os textos num estilo. Isto não é fruto de uma assunção de corrente própria, mas sim da mais pura sinceridade.
Fico muito feliz de saber que continuarás a visitar este espaço. Espero que continue a agradar-te.
Obrigado,
Diniz
Enviar um comentário